Conforme um estudo da Fundação Abrinq, mais de 700 mil crianças com menos de 5 anos enfrentam algum problema relacionado à desnutrição, muitas delas apresentando peso e altura abaixo dos padrões ideais. A pesquisa, baseada em dados de 2016 a 2021, também revela um aumento de mais de 2 milhões de crianças com renda familiar inferior a um quarto do salário mínimo no Brasil.
O número total de crianças e adolescentes com menos de 14 anos, dispondo de menos de R$ 303 por mês para despesas com alimentos, medicamentos e vestuário, ultrapassa 10 milhões. Victor Graça, gerente executivo da Abrinq, ressaltou que a situação é um problema persistente e observou que, durante os dois anos fora das escolas devido à pandemia, a alimentação escolar tornou-se especialmente crucial para essa população.
A faixa etária até 5 anos, em pleno desenvolvimento cerebral, enfrenta dificuldades, uma vez que mais de 10 milhões de crianças e adolescentes dependem da alimentação escolar, que muitas vezes representa a única refeição do dia. A ausência dessa fonte de nutrição, combinada com a queda na renda familiar, resulta em uma situação crítica.
A alternativa encontrada por muitas famílias é recorrer a alimentos ultraprocessados, carentes dos nutrientes essenciais. Victor Graça apontou que os alimentos de melhor qualidade foram afetados pela inflação, contribuindo para a desnutrição e obesidade. Embora não haja uma solução rápida e única para o problema, ele destaca a importância do retorno às aulas e da busca ativa por alunos que não retornaram.
Victor enfatiza que um mix de retorno às aulas, transferência de renda, oportunidades de emprego e crescimento econômico pode contribuir para romper o ciclo da pobreza. Ele destaca que cada ano adicional de ensino está associado a um aumento de 15% na renda, ressaltando que uma criança bem nutrida, na escola e adequadamente desenvolvida, pode ter um impacto significativo na renda ao longo do tempo.